terça-feira, 21 de fevereiro de 2012



Marchinhas inspirada nos picaretas da política

Marchinhas políticas renascem com escândalos e blocos de rua

Descontentamento da população com o prefeito e a Câmara inspiraram canções
Um fenômeno que andava esquecido na capital mineira ressurgiu com força catalisado pelos últimos acontecimentos da vida pública: as marchinhas de Carnaval inspiradas na política. O incremento da folia nas ruas da cidade incentivou compositores a unirem criatividade e irreverência para abordar as polêmicas nas canções.
As composições inspiradas nas notícias da Câmara Municipal ou sobre determinações da prefeitura não só foram as campeãs do principal concurso de marchinhas de Belo Horizonte como são hinos de protesto em potencial.
“Na Coxinha da Madrasta”- feita após reportagem de O TEMPO revelar que o presidente da Câmara, Léo Burguês (PSDB), gastou R$ 62 mil de sua verba indenizatória, entre 2009 e 2011, com lanches produzidos pelo bufê da madrasta -, ganhou eco nos belo-horizontinos que não aceitaram a proposta de aumento salarial de 61,8% aprovado pelos vereadores no fim do ano passado.
Com o mesmo tom satírico, a “Marcha da Estação” critica a gestão do prefeito Marcio Lacerda, e protesta contra a determinação do Executivo de suspender a realização de eventos públicos na praça da Estação. A alegação era de que o patrimônio público estava sendo depredado pelos cidadãos. Depois, a prefeitura recuou e liberou o espaço.
Análise. As marchinhas de Carnaval voltaram à boca do povo e, segundo o folclorista e estudioso da música popular brasileira Carlos Felipe Horta, essa é uma consequência da retomada de costumes aclamados no passado. “Não só em Belo Horizonte, mas no Brasil inteiro, o que se observa é a volta do povo às ruas para celebrar o Carnaval e, com isso, as marchinhas também voltam com força total”, explica o pesquisador.
Ainda que pareça para os jovens uma reinvenção da maneira de criticar a sociedade, Horta lembra que, mesmo antes da festa de fevereiro, essas composições já tinham um propósito. “O tom satírico e político desse tipo de canção sempre existiu”, destaca.
Resposta
Alvos. Marcio Lacerda disse ter recebido com naturalidade a marchinha porque “faz parte do folclore belo-horizontino”. Léo Burguês não gostou. Pelo Facebook, afirmou que se sentiu ofendido e que a sátira é “obscena”.

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